sexta-feira, 20 de julho de 2012

Carta pra um amigo.

Olá, quanto tempo hein? Desde ontem não nos falamos, mas o que é o tempo pra nós? Podemos ficar anos sem nos encontrar, que ao estarmos juntos o tempo se encurta rapidamente e tudo volta de onde parou. Bom demais te encontrar, e ouvir você falar de suas histórias, de como aquelas conversas despretenciosas, fizeram seu caminho até aqui. Que daqueles sonhos confessos, que daquelas simples vontades faladas no meio de garagalhadas, e às vezes no meio de lágrimas, permanecem no seu coração e fizeram de você uma pessoa melhor, sempre melhor. Como é bom te reconhecer. Me conhecer. Saber de você, como eu estou. Pois quem poderia me mostrar o que é tão dificíl pra mim de ver, se não fosse você, meu amigo. Que sabe primeiro que eu, os defeitos que tenho, pois é com você que eu tenho as maiores brigas e desavenças, é com você que meu lado mais cruel aparece, mesmo sem eu querer. Maldita intimidade e amor de amizade, que me deixam falar tudo o que penso, e por poucos minutos me faz acreditar que poderei te perder pra sempre. Não quero ouvir nada, e você também não. Compartilhamos do mesmo silêncio,  e de opiniões diferentes. Praticamos então o respeito e por isso, continuamos amigos. Quem saberia calar tão perfeito como você? Seu silêncio grita na minha alma. Mesmo longe, sei que está perto. Mesmo mudo, magoado, chateado, sua voz me fala, me faz pensar. Viver sem você? Isso não existe. Só de pensar que sim, tentar me convencer que isso é a melhor escolha, todos os dias sentirei sua presente ausência. Até que nos retornemos enfim. O universo sempre se encarrega disso, pois é contigo que aprendo sobre o amor e o tempo. O tempo sempre passa muito rápido quando estamos juntos, e lá se vão o anos assim. Obrigada por me aceitar, por me ensinar sobre liberdade, sobre franqueza, sobre verdade, sobre maldade, sobre arte, sobre vontade, sobre respeito, sobre saudade. Obrigada por não me deixar sozinha, por me carregar no colo muitas vezes, por me estender a mão quando eu preciso, por me amar mesmo sem eu querer. Prometo tentar retribuir a esse amor com todos abraços  que eu puder!! Sinta- se então abraçado nesse dia!! Feliz dia do amigo!!!

terça-feira, 17 de julho de 2012

Devaneios de saudade, num continente distante.

Ai que mundo belo, grande e cheio de coisas pra viver. Tantas escolhas, tantas opções. Viagens, cursos, comidas, lugares, histórias, artes...e a principio uma vida só. Por onde começar? E o que seria mais importante? Não sei, só experimentando e vivendo pra saber. Junto das escolhas, as consequências: irmãs siamesas, uma não existe sem a outra. Acho que um bom norte para as escolhas, é o coração, o sentimento, o amor. Já que viemos nessa vida pra aprender a amar. Ninguém nasce sabendo nada, e muita gente morre sem nem ter começado a sentir o que é amor. Amor de mãe não conta, é muito canastra. Falo do amor que a gente quer pra toda uma vida. Daquele que você rega todo dia, porque precisa, porque ele justifica tudo. O amor que vale a pena. Mas será que isso só existe em filmes? Por quê não temos paciência de esperá-lo? Por quê procuramos nos lugares mais impróprios? Por quê vamos tão longe? Ele é tão simples. O amor é simples, nós que não acreditamos que ele possa ser. Nós confundimos amor com sexo, com carência, com medo da solidão, com paixão, com chocolate, com satisfação, com Coca-Cola. Tenho saudades de um amor que vivi, mas que acabou porque ele morreu. O homem que me amava morreu. O homem que eu aprendi a amar se foi. Confesso que tive sorte de viver um amor tão verdadeiro nessa vida, e não sei se poderei vivê-lo de novo. Não acho que mereço, já sou agraciada demais por ter conhecido um amor correspondido. Desses que valem a pena, mas infelismente não foi pra vida toda, em matéria, em corpo presente, esse estará vivo e guardado pra sempre na minha memória. Era um amor simples, amor de abraços, amor de respeito. Amor de bilho nos olhos, de coração bater muito forte, amor da saudade doer. E ainda dói. Amor com tesão, amor de muitos orgasmos. Não gosto do clichê de amor rima com dor, é tão infantil. Toda dor de amor é suportável, tipo tatuagem. Uma dorzinha que incomoda, mas a gente aguenta porque quer que ela estampe a nossa pele, nos marque, nos deixe uma cicatriz. Nem que seja uma cicatriz na alma, na lembrança daquele olhar que nos alcança, que fala com o silêncio, que faz o coração sorrir, onde a guerra exploda lá fora, mas você está em paz. O cheiro do amor é inesquecível. Que saudades que eu sinto do amor.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Homens nascem verdes, e morrem verdes. Verde alface, verde limão,verde azeitona, verde bandeira... não amadurecem nunca.

Sentada debaixo de uma figueira estéril, caem figos silvestres e verdes que não servem pra nada. Todos os dias pela manhã, catamos e jogamos fora. Eles caem maduros, mas continuam verdes. Apodrecem verdes. A natureza não é engraçada? Enquanto frutos são machos, as flores são fêmeas, elas amadurecem  e quando não são cultivadas, amadas e cuidadas com toda delicadeza, morrem rápido, mas nunca deixam de enfeitar e exalar bom cheiro. Homens são assim, sempre verdes. Principalmente na nossa sociedade patriarcal. Se sentem o centro do universo com seus membros prontos a jogar suas sementes em mais um jardim florido, nas mulheres. E nós deixamos. Sonhamos com um homem maduro, que nos compreendam, que saiam do seu fantástico mundo do Hulk, e nos protejam. Mas ele só querem saber de armas, de jogos, de lutas, de futebol, de estarem certos e que nós façamos sua comida, lavamos as suas roupas, os levem pra escola e decidam qual roupa ele vão usar. De preferência de super herói, lógico.No fundo a gente gosta, e não questiona. Afinal, uma mulher sozinha sempre fica com fama de coitada. Conversando horas com duas amigas muito especiais, Natália e Núbia, discorremos sobre todas as nossas dificuldades em amar e sermos amadas. Reconhecemos que esperamos demais dos caras, e que eles sempre montam na nossa carência. Essa é a verdade nua e crua. Eles dizem que nos amam. Amam? E o que é o amor?

"O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.
Não maltrata, não procura os seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor.
O amor não se alegra com a justiça, mas se alegra com a verdade.
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta."

Gente, e qual é o homem que ama assim? Nem meu pai, que Deus o tenha. Isso é uma longa caminhada, em pleno séc XXI ? É no mínimo uma jornada dura e crua, pra se desvencilhar das espadas de Jedi, dos carrinhos, dos skates, das motos, e da fantasia do Lanterna Verde. Mas eles enchem a boca pra falar o tal "Eu te amo."E falam mais rápido que nós. 


Ok, vou falar tudo o que aprendi sobre esses homens verdes que queremos tanto e não sabemos pôr pra madurar.

Homens são carentes. Se souber fazer um carinho, ficam doces.Mas cuidado, ainda é verde. Um ogro sabe receber carinho, pode não saber fazer, mas sabe receber.Carinho é vida.

Homens são atrapalhados. Eles não tem a capacidade que nós mulheres temos de fazer várias coisas ao mesmo tempo. Eles se atrapalham. Sempre. Até na hora do sexo. Então relaxa, aproveita pra rir, porque você um dia também vai dar um deslize,  ninguém é perfeito.

Homens gostam de elogios. Muitos elogios. De todos os tipos. 

Homens falam. Acredite, eles falam pouco porque tem medo da gente, mas repara eles com os amigos! Isso significa que eles sentem. Eles não sabem na verdade onde colocar cada sentimento, já que o pensamento deles é por caixinhas, o afetivo geralmente fica na gaveta da bagunça. Não arrume a idéia de arrumar a gaveta da bagunça de ninguém.  Se você não tiver assunto além de gaveta da bagunça sai do Facebook agora e compra um Kindle.Deixe que ele resolva os problemas dele, se ele quiser.Espere ele falar.Se ele não falar, é um covarde. Também acontece.

Homens fazem tudo. Homens são capazes de tudo, nós que deixamos de exercitar um verbo que é muito importante do gênero feminino e que ficou no século passado.

ESPERAR. Esse verbo é do feminino. A mulher nasceu para esperar. Ela sempre esperou nove meses pela criança,  esperou o marido voltar da caça, da guerra, da luta, do trabalho, da cadeia. Esperou o filho crescer, o cabelo crescer, o marido morrer, e a vida seguir, e por fim o homem madurar.

O homem tem outro verbo.

FICAR. Ele também já não consegue exercitar o verbo que lhe cabe. Quando chega perto da gaveta da bagunça,  ele que sair, fugir,mudar de assunto, desconversar.Ele não consegue ficar com uma mulher só,  não consegue ficar em um emprego só, não ficar na mesma casa, no mesmo país,  o homem vaiaja mais, tem mais movimento de ida que a a mulher.O vetor do homem é pra fora, como o pênis é pra fora, como no símbolo do masculino é uma lança para fora.Ele vai. Tem dificuldade em amadurecer e saber como é,  porque ou como faz para ficar, e ficar em paz.

Quando a mulher pratica o esperar, e o homem o ficar, existe a possibilidade de relacionamento. Um mulher odeia quando está discutindo e o homem  pega as chaves do carro, o skate, ou só a carteira e celular e vai dar uma volta e deixa ela histérica sozinha. Existe outra alternativa, ela é adulta, se existe amor, existe abraço. Pra que vocês malham tanto essa porcaria na academia? Abraça ela forte, fica e mostre que você está ali. É só disso que a gente precisa. Nem precisa falar. É melhor não falar.Abraço é afeto. Carinho, braços forte, abraço seguro, nada de violência. 
Homens não são melhores com as mulheres, porque nem elas sabem o que esperar deles.Cada mulher , na verdade espera uma coisa. Diga para um homem o que espera dele. Isso facilita a vida demais. A gente não vai poder dizer nunca que não tentou!

Mas calma! 
Existe hora e lugar para falar para um homem o que você espera dele. Jeito certo principalmente.
Esse segredo eu levo pro túmulo. Sinto muito.

 Mas chega, vamos as verdades dos fatos!Somos sim, geralmente mal amadas porque eles não sabem o que é amar! A gaveta da bagunça emperra, e nós vivemos com um pires, mendigando atenção. Choramos nos filmes de amor, porque sabemos que o cara que está do nosso lado é limitado e nunca vai ser humilde pra reconhecer isso. Não choramos por sermos amadas, choramos por falta de amor. E de amor próprio, pronto, falei.
Achei muito digno, esse apostolo falar essas coisas, e tem uma parte em que ele mesmo assume a sua dificuldade em desenvolver e amadurecer o amor.
" O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as linguas cesarão; o conhecimento passará...
Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino, e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás, as coisas de menino."

Existe uma hora que um homem deixa de ser menino. Ele precisa aprender a amar, amadurecer, deixar de ser verde.

Mulher já nasceu pra amar, amamos sozinhas, amamos por dois.Amamos por todos.Amamos errado, amamos torto, somos descompensadas. Mas até quando? É chegada a hora de depositarmos todo esse amor primeiro em nós, antes que a gente apodreça, que possamos exalar o que viemos fazer. Viemos ser femininas, moças, meninas,mulheres frágeis, que precisam ser protegidas, e que nossos pitis sejam achados engraçadinhos por homens fortes e decididos que assumam as suas responsabilidades de o serem e ponto.Lembrem que sempre tem uma mulher te esperando voltar, sua mãe,  sua mulher, sua avó,  sua filha, sua tia, mulher é assim. Repare.É pedir muito? Pior que é...fica aqui então a minha esperança verde, onde precisamos aprender a esperar, que no decorrer dos tempos, algum figo maduro, possa nos amar de verdade. 
E que eles cheguem pra FICAR o tempo que for.Aqui na Itália,  ou lá no Brasil. 



O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará.

Pois em parte conhecemos e em parte profetizamos;

quando, porém, vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá.

Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino.
1 Coríntios 13:8-11
O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.

Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
1 Coríntios 13:6-7

O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.

Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
1 Coríntios 13:6-7

O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.

Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor.

O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.

Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
1 Coríntios 13:4-7
O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.

Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor.

O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.

Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
1 Coríntios 13:4-7
Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine.

Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas, mas não tiver amor, nada serei.

Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, mas não tiver amor, nada disso me valerá.

O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.

Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor.

O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.

Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
1 Coríntios 13:1-7
Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine.

Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas, mas não tiver amor, nada serei.

Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, mas não tiver amor, nada disso me valerá.

O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.

Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor.

O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.

Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
1 Coríntios 13:1-7

domingo, 15 de julho de 2012

Desabafando meu mau humor...

Sinceramente, acho que a pior sensação do mundo não é a fome, o calor, a sede, a dor, a falta de grana, acho que a pior sensação é estar em lugar, querendo estar em outro. Isso é terrivel. Eu nunca sonhei na minha vida em conhecer a Itália. Fiquei mega feliz quando fui aceita pela Escola Potlach de Teatro pra estudar por um mês. Melhor ainda por poder participar de um festival intercultural de práticas teatrais. O universo quis, e eu estou aqui. Mas querendo voltar correndo pra casa. Nunca entendi tanto o E. T. querendo ligar pra casa...nenhum lugar do mundo é como a nossa casa. Existe todo um glamour de estar no velho continente. Visitei um castelo medieval de 1000 anos e confesso que fiquei encantada! É incrível imaginar que alguém construiu aquele castelo e ele permanece lá por tanto tempo. O Brasil só tem 500 anos, e nenhuma construção desse nível. Durante o festival, participamos de workshops com uma indiana,  uma japonesa, e o velho sem barba, o Barba. O oriente é especial, porque tem inserido na sua cultura o sagrado, o ritual, o espirito e o corpo, tudo junto. Fiquei me perguntando onde nós, os ocidentais nos perdemos nessa dicotomia. Maltratamos nosso corpo, não reconhecemos essa unidade. O mundo natural começa no espiritual, e onde fica essa ponte? O Brasil é cheio de religiosidade, possuimos várias maneiras de ritualizar as coisas, mas chegamos onde mesmo? Ah é, na escola aprendemos que fomos descobertos na tentativa de se chegar a Índia...mas o pessoal se perdeu...e nossos nativos se chamam "índios"...ai que comédia!Esse povo perdido, nos ensinou o cristianismo, a escravidão, a exploração. Mesmo assim, o Brasil é um lugar especial. Na luta pela sobrevivência, formamos a cultura da mistura. Tudo que chega é bem vindo, mas tudo tem seu preço. Nossa arte é o que? Samba? Carnaval? A festa do Boi? Do norte a sul, temos festas, celebramos a vida o ano inteiro. Celebramos mesmo? Acho que não. É só cultural. A ponte não foi feita, o sagrado não chega. O que é sagrado no Brasil? Nada. Tudo é profano, a corrupção habita no gene que há em nós e se chama...jeitinho brasileiro. Não respeitamos leis, não sabemos ouvir nãos, somos uma cultura corrompida. Pagou, levou. Levou nosso ouro, nosso aço, nossas meninas, nossos meninos, nosso suor, nosso sagrado. Mas vamos fazendo festa, que assim distrai a dor.
É, as nossas festas são sagradas, mas não no sentido de intocáveis, e separadas, são sagradas no sentido de escape mesmo. Um fulgás refrigério. Ai, como isso tudo me irrita. Eu acabo me rejeitando dentro da minha própria cultura. Queria estar no Brasil, e não ser brasileira, essa é a pior sensação do mundo. E pode isso Arnaldo???? Tudo bem Manuela, UH! Aceita! Aceita essa ponte entre o natural e espiritual que está dentro de nós. Pra mim, ela se chama fé. Ela está nos rituais sagrados/artísticos indianos, japoneses, iranianos,americanos, brasileiros,africanos e todos os demais. De alguma forma todo mundo precisa crê nessa ponte, nesse caminho que nos completa, nos faz sentir que estamos exatamente onde devemos estar : dentro da gente. Estar fora de nós também é um caminho, também é uma escolha, que precisei atravessar um oceano pra reconhecer a partir de agora respeitar. Me respeitar. Saio de mim tantas vezes que minha vida tem sido voltar. Voltar pro eixo, voltar pra base, voltar pro equilibrio, voltar pro espírito, voltar pro sagrado. Pro meu sagrado.|Apesar de nunca ter sonhado em estar aqui, levo como uma rica experiência essa viagem. Foi bom ter aprendido pelo oriente a aceitar o ocidente. Girar no eixo, andar no eixo, respirar no eixo, subir e descer no eixo.  Há um sagrado de cima pra baixo que nos alcança sim. Esse horizontal de culturas sempre termina em uma cruz. Obrigada por tudo Jesus. Agora, eu só quero é voltar pra casa.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

A ordem dos tratores altera o viaduto.

A ordem dos fatores não altera o produto. Essa sentença só serve na matemática. Na vida é bem diferente. Nas relações principalmente.Somos reprovados todos os dias quando fechamos nossa contabilidade relacional. Ficamos devendo. A conta não fecha. É uma grosseria ali, uma intolerância aqui, e tudo vezes o egoísmo, noves fora...zero. Zero compreensão, zero amor, zero cuidado. O coração sempre no vermelho. Mas até quando?Uns vinte anos atrás eu estudava geografia na escola e o Brasil era pra lá da quinquagésima posição no hanking da economia mundial, e hoje é a sexta economia do mundo. Será que aprendemos a fazer essas contas? Ou os computadores é que facilitaram esse desenvolvimento? Mas e nas relações? No dia a dia um com o outro? O movimento de relacionamento virtual vai nos ajudar? Acho que não. Desaprendemos o que nem sabemos: ouvir. Não sabemos ouvir. Não ouvimos nossos pais, nossos professores,e nem os mais velhos. Não ouvimos nossa respiração, não ouvimos nosso corpo, nem nossos pensamentos. Não fomos educados pra isso. É muito mais fácil ouvir música estrangeira, se embalar pela melodia, se deixar levar pelo movimento e falar sem parar...o infinito do universo que nos escute...ecoando no buraco negro vazio. Mas então pra que servem as palavras? Estou fora do meu país, conversando com italianos em inglês...oi? Isso me incomoda. Quando Roma era o centro do mundo e foi além de suas fronteiras, nasceram essas tantas linguas do latim: o italiano, o francês, o espanhol, o português, tudo da mesma origem...e hoje em pleno século XXI, é no inglês que a gente se vira. Isso me revolta. Nunca gostei muito do inglês porque sempre achei uma lingua pobre, ela não alcança os meus sentimentos, ela é muito pouco pra mim. Mas hoje está sendo preciosa, já  que aqui, meus sentimentos não importam muito pra ninguém, nada de profundidade sentimental na comunicação, vamos ao básico pra sobreviver.  Por isso esses meus primeiros dias na Itália foram tão sofridos, principiante nas relações sempre. Não saio da primeira série nunca...vislumbro um ginásio sentimental, mas ele me parece bem distante.
Eu poderia discorrer o assunto falando das diferenças gritantes entre homens e mulheres, e suas linguas próprias, mas vou deixar pra um próximo post. Hoje me resumo a entender que o começo é tentar sobreviver sem desistir do outro, mesmo sem entender nada do ele fala, e nem tenha ouvidos para ouvir, pois EU não tenho ouvidos para ouvir. Não tenho,assumo, estou desenvolvendo o meu, e às duras penas. Agora se o outro tem ouvidos? É, alguns. Tive a sorte de conhecer dois deles por aqui. Poderia dizer que encontrei seus ouvidos atentos pelos olhos...eles me viram e pelos seus olhos me ouviram, e me salvaram de morrer  sem ser compreendida. Então o que vem primeiro? Ver para ouvir? Ou ouvir pra ver? Não sei. Estou desaprendendo tudo que pensei saber sobre isso. Mais uma vez essa primeira série que me gonga, mas tudo bem, até agora eu sobrevivi. Quanto aos tratores, esses que derrubam estruturas, e carregam pedras, esses precisam ser colocados em ordem sim. Senão, vamos caminhando ser saber pra onde as placas nos levam porque os viadutos ao invés de serem construidos para nos levar a algum lugar, se tornarão praças redondas e suspensas que nos farão rodar, rodar, rodar, sem saber onde é a saída pra se relacionar. Eu me perco sempre nessas estradas, tenho de sair de casa antes, para não chegar atrasada.Nem me arrisco mais a pedir informações no caminho.E também não confio muito em GPS, ele mente. Relacionar com máquinas dá nisso, desenvolvemos números que nos fazem crescer, caminhar, construir, produzir....mas e amar? Onde fica esse verbo? Hein? Pode falar mais alto? Eu não estou ouvindo...

sábado, 7 de julho de 2012

Zorra Total - Não gostou? Deita na BR.

Sempre fui uma palhaça. No recreio da escola, eu ficava no pátio imitando Regina Casé e Debora Block quando faziam TV Pirata e minha amigas se mijavam de rir. No teatro também, me encaixava mais nos personagens engraçados, que nos maliciosos. Cresci assim. Amava Andrea Beltrão em Armação Ilimitada, e sonhava em ser como a Cláudia Raia. Tenho um senso de humor estranho, procuro graça nas minhas desgraças e vou caminhando. Agora, depois de adulta, virei fã de Ingrid Guimarães e Heloísa Perissé. Que saudades da Escolinha do Professor Raimundo, e do Chico Anysio, pra mim, o grande mestre do humor. Gosto de personagens, e escrevi alguns pra mim, e pros meu colegas de comédia. Tive minhas dificuldades na faculdade nas aulas de clown, porque assumir o rídiculo e ficar confortável nele, é um processo. Estou nele. 
Me lembro da estréia do Zorra Total, e sempre sonhei em trabalhar lá. Depois de Ladykate, esse sonho aguçou. Eu assitsti Os Suburbanos umas 6 vezes, e quando os vi no programa, eu vibrei. O Brasil inteiro gosta de Valéria e da Janete, e do Pedrão e Jorginho...e muita gente do humor brasileiro passou por lá.
Gente boa. Maria Clara Gueiros, Alexandra Richter...e muitos outros. 
Sou Bacharel em Artes Dramáticas, estou na Itália participando de um festival intercultural de teatro, penso em fazer mestrado, e até para as minhas amigas quando falo que meu sonho é trabalhar no Zorra Total, elas riem da minha cara e dizem...." só você mesmo". Mas qual é o problema? Por quê o preconceito? Não entendo...o Brasil tem como sua história no tetaro e  na TV a Praça da Alegria, que virou a Praça é Nossa e nos reconhecemos em todas aqueles tipos que nos mostram como o brasileiro apesar de sofrido, consegue fazer graça. Moacir Franco é um dos humoristas mais engraçados e um cara que teve 70% de Ibope em um programa próprio...mas ninguém lembra disso. Martins Pena foi considerado nosso Moliere, escreveu várias comédias de tipo, mas ninguém lembra. Esse é o nosso teatro desvalorizado e preconceituoso.
Qual o problema de trabalhar no Zorra Total? Até a minha mãe diz que " eu mereço coisa melhor"...é? E o que seria? Dar aula de teatro e ganhar uma micharia? Ser protagonista da novela das 8? Ser capa da Playboy? Ser Panicat? Na verdade não tenho nada contra nenhuma dessas profissões, acho dignas, pois se forem a escolha mais honesta de cada um, está valendo, mas no caso não é a minha, e se você não gosta mãe, é uma pena. Um pena você não acreditar nos meus sonhos, não me apoiar, não considerar a possibilidade de que eu posso e vou ser feliz fazendo o que eu quero, e não no que você quer. Isso serve para todas as mães e pais que não apoiam seus filhos a fazerem teatro, ou o que quiserem como profissão. Nada vai nos parar. E vocês lamentarão quando lá na frente estivermos realizados, sofridos pela caminhada árdua e sem apoio de  ninguém,vocês não serão agradecidos, quem não acompanha a parte dificil da caminhada, não tem o direito de desfrutar da vitória. E o povo brasileiro vai continuar rindo disso. E de vocês também. Não gostou? Deita na BR.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Workshop Parvathy Baul - Está tudo no lugar.

Expectativa é uma coisa que impreguina e costumo dizer que expectativa é uma esperança que quica, ela é fora do ritmo, ela acelera a vida e nunca é boa. Pra mim, é a semente da ansiedade. Cheguei na Itália e em uma semana a casa caiu. Esse negócio de comer macarrão o tempo todo me dá uma fome deseperada! Um calor de 35°, e aqui ninguém coloca água pra gelar, é da bica e natural. Assistindo Ave Maria com Julia Valey, no teatro percebi que não existe ar condicionado. Festival cheio, gente saindo pela janela, e um micro ventilador. Quero voltar pra minha casa agoraaa!! Sem me sentir saciada, sem conseguir dormir direito porque é muita gente no quarto e com esse calor, quem é feliz? Fui pega chorando que nem criança na cozinha, suplicando aos céus que alguém me tirasse daqui. Os olhos de Maysa ( Ilária) me viram. A organizadora do evento se compadeceu de mim. Supliquei ajuda pra ir embora e ela docemente me pediu pra fazer pelo menos o workshop da indiana Parvathy. Uma hora depois eu estava na sala ouvindo uma mulher de um metro e meio talvez, com um cabelo desse tamanho também, todo de dreads. Ela tem cara de menina, mas é uma mestra. Um sorriso sincero, uma calma indiana, cantava e tocava uma música da alma. O processo é aprender essa música e escrever a sua própria história, depois editá-la em um poema e musicá-la. O primeiro exercicio que vi foi de respiração. O segredo de um corpo que canta e vibra, um ser que ecoa onde passa. Nunca tinha visto essa forma de respiração,onde se faz barulho quando inspira, e expira, e no final perceber que ela esfria o corpo. Saí do lugar de desespero e voltei pro que não sei, é, faço teatro porque até não sei o que é, no dia que conseguir defini-lo, acho que Jesus me leva. Foram só 30 minutos de alegria, a fome começou a me deixar com dor de cabeça e minha fada madrinha Ilária me levou pra comer carne, enfim feliz.
Como eu esperei tanta coisa daqui ? Não seria muito mais fácil não esperar nada, pra que o que viesse fosse lucro? Aqui faltou luz, faltou água. Imaginou? Verão europeu, em um vilarejo isolado, ao lado de um mosteiro, estamos em um castelo de 1600...sem ar condicionado, sem carne. Segundo dia de festival, e o inferno era a Itália. Barba foi embora, e não deu workshop pra mortais, ele fez Ave Maria in progress com Julia, e nós assistimos o resultado do processo. Só isso. O espetáculo é surpreendente, diferente de tudo que já vi. Chorei verde ( estava de rímel colorido, na tentativa de colorir minhas expectativas, que eram negras.) Ainda bem que meu coração é maior que minha mente, eu senti na alma esse teatro, e comecei a desistir de ir embora. Sem mais expectativas, uma outra solução chegou. Fui agraciada com um quartinho na masmorra do castelo. Talvez o mais quente, porém com a vista mais bonita de Fara in Sabina. Comecei então a dormir melhor. Metade das pessoas que estavam aqui foram embora com o Barba, e a vida começou a melhorar. O segundo dia com Parvathy foi intenso. Ela nos ensinou e girar no próprio eixo, tal qual aquela brincadeira de criança, que toda mãe briga quando vê o filho fazer, porque fica doidão da tontura. Vibrei!! Esse era meu momento, ia ficar tonta igual quando pequena e isso é teatro indiano!! O exercicio parece simples, mas é uma fonte de energia e prazer. No terceiro dia começamos a entender mais a tal música dela e começamos a cantar as nossas. Eu apenas li o meu poema, e chorei, chorei muito. Eu sou como uma figueira plantada no meio de uma vinha...e que Deus me dê a música, porque a letra está pronta. Depois do almoço, fizemos o treino do passo do pé, como uma dança indiana. Gabriel ficou no foco do problema, o corpo ocidental que tem muita dificuldade de mover, mas conter a energia na quinosfera. Quanta coisa nova, e quantas fichas caindo. Quantas coisas deixaram de ser importantes, e outras tornaram a ser. E tudo em uma semana!! Eu pensando que iria gravar videos suada...só consigo me perceber viva, e por enquanto está de bom tamanho. Não vou, não posso e não quero mais dar vazão a expectativa, essa maldita sempre estraga tudo. Chega, agora eu respiro pra esfriar e giro no eixo, assim minha expectativa deixa de quicar e tudo parece voltar ao lugar. Sem frustrações, ou desencantos. Está tudo no lugar.