sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Mó viagem, mas essa história não é minha.

Eu não me lembro o ano, mas lembro do país e de todo o resto. As perguntas permanecem, pelo encanto e mistério do encontro. Ela era uma velhinha, com um rosto enrugadinho, cabelo branquinho, tipo vovó. De avental. Feliz, essa senhora morava na Itália. Viajando de carro, depois de quilômetros e quilômetros de nada de um lado e nada do outro da estrada, havia ali apenas uma casa, um oásis de amor com imagem familiar do fantástico mundo dos mistérios. " Dona Benta saiu dos livros de Monteiro Lobato lá no Brasil, e mora agora numa cidade fantasma aqui na Itália?" - Pensei. E o mais estranho: ela era feliz, morando sozinha e com o " Grazie a Dio". Gostava de receber apenas seus clientes visitantes. "Mas a senhora aqui sozinha? Não e um mercado, um comércio aqui..." Eu no inglês, ela no italiano e a gente se entendeu completamente. Encontros misteriosos, traduzidos pela vontade genuína de troca. Trocamos. Comprei um docinho lá de alguma coisa, que não me lembro, e ela me levou até seu quintal nos fundos da casa e me mostrou sua horta. Pepinos, legumes, algumas frutas de árvores baixas. Tudo de um tamanho exato do que pode existir no meio do caminho. Ela sorria e eu me despedi com o fruto desse trabalho solitário e íntimo com a natureza. Simplicidade e vida Achei uma pessoa no hiato da viagem.Uma nona que vive sozinha com sua horta e vende o fruto do seu trabalho a quem passa pelo caminho, onde não tem nada. E as pessoas ainda em perguntam, por que eu amo viajar? Porque a vida sempre me surpreende. Sou a louca do snap mesmo.

História contada por Binha. Registrei.

Mó viagem, mas essa história não é minha.

Eu não me lembro o ano, mas lembro do país e de todo o resto. As perguntas permanecem, pelo encanto e mistério do encontro. Ela era uma velhinha, com um rosto enrugadinho, cabelo branquinho, tipo vovó. De avental. Feliz, essa senhora morava na Itália. Viajando de carro, depois de quilômetros e quilômetros de nada de um lado e nada do outro da estrada, havia ali apenas uma casa, um oásis de amor com imagem familiar do fantástico mundo dos mistérios. " Dona Benta saiu dos livros de Monteiro Lobato lá no Brasil, e mora agora numa cidade fantasma aqui na Itália?" - Pensei. E o mais estranho: ela era feliz, morando sozinha e com o " Grazie a Dio". Gostava de receber apenas seus clientes visitantes. "Mas a senhora aqui sozinha? Não e um mercado, um comércio aqui..." Eu no inglês, ela no italiano e a gente se entendeu completamente. Encontros misteriosos, traduzidos pela vontade genuína de troca. Trocamos. Comprei um docinho lá de alguma coisa, que não me lembro, e ela me levou até seu quintal nos fundos da casa e me mostrou sua horta. Pepinos, legumes, algumas frutas de árvores baixas. Tudo de um tamanho exato do que pode existir no meio do caminho. Ela sorria e eu me despedi com o fruto desse trabalho solitário e íntimo com a natureza. Simplicidade e vida Achei uma pessoa no hiato da viagem.Uma nona que vive sozinha com sua horta e vende o fruto do seu trabalho a quem passa pelo caminho, onde não tem nada. E as pessoas ainda em perguntam, por que eu amo viajar? Porque a vida sempre me surpreende. Sou a louca do snap mesmo.

História contada por Binha. Registrei.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

A lição do pertence ou não pertence.

Intimidade é uma merda, só gera falta de respeito e filho. Eu tinha um tio que sempre falava que nos casamentos era necessário uma certa dose de cerimônia no conviver. Nada de fazer número dois de porta aberta, ou enquanto o parceiro escova os dentes." Perde o encanto" dizia ele. Mas isso foi no século passado. Tudo tem mudado tão rápido, tudo tem se desmanchado em deletes, blocks, unfollows e likes, que eu me pergunto, o que é o encanto? Tem como perder algo que nem sei mais como é?

Nas minhas memórias de adolescente, eu idealizava tudo, um casamento perfeito, um emprego dos sonhos, e uma família divertida, amorosa e unida. Ficou na timeline de 1987, pena que meu Facebook não pode mostrar. Essa timeline se encontra paralela a minha vida real, tangente nos meus conhecimentos acadêmicos, perpendicular a outra timeline dos meus sonhos, também paralela a timeline dos meus projetos já programados, com suas devidas metas, modificadas ao longo dos anos.Uma rasurada bem colorida. Não dá pra ter uma timeline, é preciso se conhecer 360°, visto de dentro e acrescentado do de fora. Nada que um computador ainda não tenha conseguido mostrar. Somos complexos em todos os níveis. Quer dizer, sou um gráfico tridimensional energético, colorido e múltiplo. No que me segurar? Algum outro conjunto é capaz de fazer uma interseção nesse meu campo, e ter alguns dos seus elementos que se tornem pertencentes ao meu conjunto e vice versa? Seria esse, o vínculo. Impermanente, mas pertence. 

Apenas pertence. Pode mudar a qualquer hora, a vida é mutante. As relações mudaram. Somos analfabetos matemáticos na lógica das relações. Sim, elas tem lógicas e me parecem exatas. Fale o certo da forma errada que a equação é zero. Nenhum dos dois ganham. Não preste atenção no enunciado da questão, e então erre um sinal, a equação dará errado novamente. São duas orelhas, são dois olhos, se não usa-los na devida proporção que a natureza lhe deu em relação a boca, a equação vai dar errada de novo. Não parece óbvio? Mas porque detestamos tanto essa matemática? Não exercitamos, não praticamos? Desde criança vem a fama maldita de que matemática é difícil. Difícil é escalar o Everest, matemática é mole. Enquanto a gente não abrir os olhos para essas equações relacionais, tem gente ganhando maratona de matemática, ficando rico e se divertindo horrores, porque já sabem como funciona o jogo. Zero vezes zero é zero minha gente, sozinho ninguém vive, sozinho ninguém joga. Tem de ter o número um, pra que o sistema binário se desmembre em todas as coisas. 

Dois é melhor que um, já dizia Salomão, o homem mais sábio que já existiu. Esta no livro de Eclesiastes, na bíblia. E agora? Como juntar os conjuntos tridimensionais múltiplos que somos, e desenvolver a equação? Ou melhor, a relação? Tem espaço? Quantas camadas são visíveis, quais tem senha, quais podem ser invadidas, compartilhadas, roubadas, hackeadas, printadas e editadas? Está tudo no painel de controle? Não. Definitivamente não. As camadas estão vulneráveis, não damos limites, os espaços estão mal distribuídos e tem muito lixo. Muito lixo emocional. Muito medo de intimidade.Calma. Você ainda vai se desesperar. Por mais que você não queira abrir a camada do seu coração para o outro, não saiba fazer isso, ou não possa...existem outros riscos de ter o seu miocárdio afetado. 

Podemos começar a faxina, e jogar os rascunhos fora. Os ideais romantizados, que só nos prendem e nunca nos encorajam a agir. No mundo dos sonhos tudo é perfeito e ninguém tem defeito, por isso gostamos de ficar lá. Nada de conflitos. Eu adoro. O medo me ajuda, ele me convence a idealizar, achar mesmo que em outra timeline qualquer, haverá uma tabela já preparada para equalizar as demais e enfim, ter uma vida ( timeline) relativamente perfeita em qualquer outra dimensão.Eu não estou enlouquecendo. Estamos em 2016, nada será como antes. A faxina é necessária.

Agora de fora para dentro não temos como limpar tudo. Não temos como medir as entradas e saídas numa camada chamada pele. Ela tem sua membrana semi permeável, entra o que interessa. Entra, toca, troca, modifica. Perdemos. Não há cura, há controle. Controle de presença. O quanto estamos presentes para perceber imediatamente o que nos acontece? Quase nunca. Por isso essa bagunça de gráfico né?

Mas afinal, e o vínculo, e a tal "cerimônia"? Existem? Sim. Ainda sim. Me parecem escassos e dão muito mais trabalho que antes construir esse tipo de equação/relação. Todos os combinados condicionados pela nossa cultura estão se desfazendo, e precisam ser refeitos, mas ninguém gosta dessa matemática. Como disse um amigo: " Matemática é negócio que não dá, não é negocio de número, pra que colocar as letrinhas no meio da parada? " Outra: " Matemática é uma coisa muito foda, ela fode com a vida da gente!" 

Dificuldades reais na matemática. Mentiras arraigadas. Medos paralisantes. Mas é apenas matemática. É subjetiva, mas é como a vida. Tem coisas que são obvias, e tem coisas que precisam ser muito exercitadas para serem compreendidas. A repetição do nascer do sol é a lição.Diariamente. O Trabalho é diário, não basta construir, executar, e acertar uma equação, é preciso manter o pertencimento. Manter se em equilibrio em meio a tantos conjuntos. 

Essa lição é pra mim, eu estou aprendendo isso. Escrevo pra mim, compartilho e releio para não esquecer.
Estou apenas vinculando palavras em mais uma timeline.