sábado, 27 de julho de 2013

Fogo no frio

De frente pra uma fogueira, vestida com três calças, duas camisas de manga e um casaco grosso.Estou no Sesc de sampa tentando me esquentar e pensando antes que meu cerebro congele. Primeiro agradecendo esse fogo que pemanece fogo mesmo nesse frio. Elemento que me rege,o fogo me encanta. Tem as cores que eu mais gosto, e o processo de saber usa-lo esquenta e ao mesmo tempo lambe e destroi minhas relações. O fogo consome dentro dele mesmo. Necessário. E eu? Por enquanto passo os minutos curiosa com tantas crianças na rua. O que seria das crianças de sampa antes dos Sescs? E dessas familias? Onde iam? Lugar nenhum. Elas se entretem e brincam,ou aprendem? Não sei. Estou com preguiça. Estou hipnotizada com essa fogueira e com dó das criancinhas na rua nesse frio.
  Junto de mim tem também varios velhinhos sentados em volta dessa fogueira assistida por uma super coifa dentro do predio de tijolinhos. O que seria dos velhinhos sem os Sescs? Nada também. O futuro e o passado se encontram no espaço cultural do comércio de frente pra lareira. Eu no caso sou o presente, a mais avulsa das criaturas,impotente e agora quente, nesse hiato de tempo. Acabou de chegar um funcionário e colocou mais lenha na fogueira. Pôs a mão lá dentro...e não se queimou. Habilidade com o fogo,ou imprudencia? Sabendo usar,o fogo esquenta,e ilumina. Sabendo usar. Só sabendo usar.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Hoje

E quando acordo preciso mesmo estar feliz? Todo dia? Preciso mesmo ler os jornais,comer e conversar? Preciso ter vontade de sair?Não, não mesmo.Posso um dia ou outro manter o silêncio.Vibrar menos.Menos dor,menos vontade. Menos cor,menos saudade. Posso só beber àgua e não tomar banho. Estou deprimida,você diria. E se eu estiver? Qual o problema?Se ela durar um dia,ou um mês,ou dez anos, a vida é de quem? Grossa eu, você diria. Sincera,diria eu. Cansei de fazer tudo que me mandam. Se não há controle, e no mar que me navega eu tenho apenas dois remos pra me desviar de pedras no caminho,ou seja, me defender como eu puder...então que o cardume me carregue. Que a massa da correnteza me arraste. Me faça chegar lá. É isso! Menos força, menos resistência,menos cansaço. Chega de tentar se justificar. Chega de querer ser alguém. Quero ser eu,com todos meus ninguéns. Quero ser só e ter a mim também.Só pra mim. Eu,de ninguém, só pra mim. Quem dera. A multidão me carrega como ninguém pra todo mundo e eu vou nesse mar navegante seguindo meu curso, meu caminho único com vocês também.