quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Desanuviando minha ilusão

Serão 57 dias letivos nesse estágio. Consegui uma escola do municipio que não aderiu a greve,mas é um CIEP em Paciência. Sempre me interessei em educação e me tornar professora esta sendo uma benção, principalmente porque estou deixando de ser a Iludida da Abolição.
  A jornada começas as 7:15 da manhã, e eu tenho de acordar as 5:00. Na sala de aula, adptada tipo um "auditório" as crianças entram de 35 em 35 a cada 50 minutos. São muitas crianças!!! Até o quarto ano elas não deveriam ter aula de artes cênicas, e sim artes plásticas, mas a sala está cheia de pequeninos, e eles não entendem muita coisa do que é teatro,mas estão aqui, o que fazer?Vamos colocar um filme, fim de ano letivo, e elas não têm avaliação mesmo, assim eles ficam menos barulhentos.
  A estrutura do CIEP não é ruim,mas também não é excelente. As crianças tomam café, almoçam, lancham, tem aula de capoeira e música. A escola tem um retro projetor, um telão. Algumas professoras usam microfone sem fio. Eu vou no gogó, Deus me deu uma boa projeção vocal. SENTA!! Eu grito, essa é a palavra mais usada em sala de aula e no funk que eles tanto gostam: SENTA!!
  Isso, a escola inteira gosta de funk. Meninos e meninas dançam e cantam Anitta, e a melhor parte é dizer pra eles que Anitta era CDF e só tirava 10. Pelo menos uma boa referência lá longe.
  Tem aluna adolescente grávida, tem aluno com necessidades especiais no meio de turma comum na defesa de uma socialização. Tem criança com cecê, tem criança com celular, tem criança anã, pobre, pobrinha, classe média, criança crente que tapa os ouvidos quando os colegas estão dançando Anitta, criança malcriada, e tem muita,mas muita criança carinhosa e simples, que se forem bem tratadas, sabem ser gentis e dóceis, eu juro que é verdade. Nem toda criança é um demônio em potencial como eu sempre pensei.
Ate agora estou na metade do estágio e aprendi que pra entrar numa sala de aula do município, ou em qualquer outra, é preciso muito mais que paciência e vocação, é preciso muito bom humor!
Quero agradecer ao universo e a Deus por ter me colocado nesse estágio com Vinícius Alkaim,meu amigo e agora meu "monitor de estágio", que me fez abrir os olhos para a realidade da educação no nosso país, e então, arregaçar as mangas pro próximo ano letivo, e aceitar essa nobre jornada.
Agora não tenho mais a ilusão do que é uma sala de aula, agora sei que é pauleira e rock'n roll!
A verdade desanuviada é que os pais delegaram a sua parte da educação para os professores,eles que deveriam se dedicar 100%, mas se resumem a levar pra escola e mandar o irmão mais velho ir buscar, me dá um percentual de 10% de envolvimento nessa educação. Aquela velha máxima:  botar filho no mundo é moleza, educar um filho é que são elas!!!

Bom, não dá pra escrever mais agora, porque essas crianças não param nunca ( meodeos onde desliga?) ! Dê licença...

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Fessora no primeiro dia de aula.

Finalmente o mar revolto da burocracia passou e eu agora estou estagiando. A escola é em Paciência,um CIEP. Eu fiquei assustada com a quantidade de crianças. Que lugar barulhento! As professoras usam microfones sem fio. As crianças levam informações para os professores e todas estão ligadas no 220W. Fiquei surpreendida com tudo. Positivamente. As crianças são felizes, simples, sorridentes, curiosas, carentes de um olhar, uma palavra, uma atenção. Elas amam a escola. Tinha festa na quadra por causa da semana na criança, tocava funk e eles comiam bolo e tomavam refrigerantes.
O auditório estava ocupado então as aulas de teatro aconteceram nas salas próprias de cada turma. Quarto ano torando de energia. Senta é a palavra mais usada. Eles levantam pra contar as cadeira do desenho no quadro. Senta! No refeitório a comida tinha uma cara boa , macarrão com carne moída.No lanche, biscoito com leite. As paredes com tabuadas caprichosas e funcionárias da comlurb tentando manter tudo limpo lá dentro. Não esperava nada disso em um Brizolão,muito menos lá em Paciência. Uma escola pública com alguma estrutura de base. Quando eu estudei em uma faculdade pública não havia nada, havia a festa do bebedouro porque era um só pra todo o complexo desportivo. O resto era bica de água de origem duvidosa. Tenho então mais 50 dias pela frente. Legal ouvir as crianças falando baixinho quando eu passada, olha lá...é a nova professora de artes! - gostei de ouvir. É só o começo.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Contra maré

Cresci apaixonada pelos meus professores e amava a escola. Sou muito curiosa, de raciocínio rápido, papo de adulta, era uma criança tímida,mas estudiosa. Uns trinta anos se passaram eu me acostumei com sala de aula.Tentei várias faculdades diferentes e consegui terminar a única que eu realmente amava fazer: artes dramáticas. Conseguir terminar esse curso foi tão difícil quanto conseguir o diploma agora. Demora um ano. Finalmente sou nivel superior,mas me sinto inferior. A quantidade de burocracia que me espera é tanta que resolvi escrever.
Nunca pensei em fazer um concurso público na vida,mas fiz e passei. Consegui uma vaga pra dar aula de teatro e ainda ganhar por isso pro resto da vida! Parece um sonho,mas a vida nunca é sonho né? Meu pesadelo são as secretarias. A primeira foi a da faculdade na qual me graduei e estava em greve. Nenhum documento, nenhuma certidão. Como se isso fosse o mais importante. Bobinha eu. Fiquei quarenta dias quase taquicárdica compulsiva por causa de uma certidão. Ela chegou e meu carro quebrou. Secretaria seguinte sem conseguir me dar as assinaturas que precisava porque a funcionaria em treinamento não dava conta. Espera mais um dia. Quando consegui, ficou faltando o seguro estágio que a moça da secretaria me disse que eu que resolvesse. Sendo que a resposta certa seria: ligue para aquela professora que veio ai. Ela é sua supervisora. Mas não foi assim. Eu fui então até Santa Cruz pegar o papel que serve. Que não precisa de nenhuma certidão de faculdade...e que eu podia ter adiantado. O seguro é feito em qualquer banco, custa mais de cem reais por um ano. Precisa da apólice pra começar o estágio. Demora quinze dias pra chegar. Na verdade eu preciso de 57 dias de ano letivo pra concluir meu estágio e a professora que foi lá e era a que tinha de me informar de todas essas coisas, me pediu desculpas. Igual a prefeitura administrando mal o seu trabalho e se desculpando. Como assim? Por quê não me informou antes? Não me auxiliou? A quem procurar primeiro? A CRE. Para otimizar o tempo. Mas não, pagando a ligação do celular,ainda tive de ouvir um longo sermão por não ter lido o meu manual do aluno. É mole? O municipio está em greve,os bancos também. Ontem policiais bateram em professores, uma senhora faleceu e a educação está de luto. Eu então me sinto nadando em mar de pedras contra a correnteza! Difícil, trabalhoso,mas sei que vai passar. Eu espero.
Revoltada reclamei que uma mera desculpa era uma atitude ridícula! Exagerei, tenho sido tão massacrada pela burocracia que fiquei anestesiada de um pedido de desculpas. Estou muito cansada de desculpas. Eu quero atitude. Por isso que mesmo exausta,eu vou até o fim, sem desistir.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Marias Amais por Manu Rainha.

Mulheres comuns,com algo a mais. O que seria? Você mulher,teria coragem de investigar a fundo e buscar o realmente você tem de especial? E quando descobrir,você teria coragem de mostrar, revelar e compartilhar? Meu algo a mais é a empatia,meu defeito e minha qualidade. Sou dessas pessoas que sabem emprestar os ouvidos e me colocar inteiramente no lugar da outra pessoa, pra sentir suas dores, duvidas e alegrias.Totalmente cúmplice. Sou simpática sim,e as vezes as pessoas confundem com "dar mole". Nada disso! É que o ser humano me intriga e me encanta. O lado ruim da empatia, é que acabo cobrando que todos sejam assim, e isso nem sempre acontece. Tudo bem, já passei dos trinta e a propria empatia me ensinou seus limites: Respeitar escolhas.
Eu escolho também aceitar esse algo a mais. Recebo, revelo e compartilho. Sou Maria, sou mulher, sou artista e amiga de verdade de outras Marias, e você? Qual seu algo a mais?

sábado, 27 de julho de 2013

Fogo no frio

De frente pra uma fogueira, vestida com três calças, duas camisas de manga e um casaco grosso.Estou no Sesc de sampa tentando me esquentar e pensando antes que meu cerebro congele. Primeiro agradecendo esse fogo que pemanece fogo mesmo nesse frio. Elemento que me rege,o fogo me encanta. Tem as cores que eu mais gosto, e o processo de saber usa-lo esquenta e ao mesmo tempo lambe e destroi minhas relações. O fogo consome dentro dele mesmo. Necessário. E eu? Por enquanto passo os minutos curiosa com tantas crianças na rua. O que seria das crianças de sampa antes dos Sescs? E dessas familias? Onde iam? Lugar nenhum. Elas se entretem e brincam,ou aprendem? Não sei. Estou com preguiça. Estou hipnotizada com essa fogueira e com dó das criancinhas na rua nesse frio.
  Junto de mim tem também varios velhinhos sentados em volta dessa fogueira assistida por uma super coifa dentro do predio de tijolinhos. O que seria dos velhinhos sem os Sescs? Nada também. O futuro e o passado se encontram no espaço cultural do comércio de frente pra lareira. Eu no caso sou o presente, a mais avulsa das criaturas,impotente e agora quente, nesse hiato de tempo. Acabou de chegar um funcionário e colocou mais lenha na fogueira. Pôs a mão lá dentro...e não se queimou. Habilidade com o fogo,ou imprudencia? Sabendo usar,o fogo esquenta,e ilumina. Sabendo usar. Só sabendo usar.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Hoje

E quando acordo preciso mesmo estar feliz? Todo dia? Preciso mesmo ler os jornais,comer e conversar? Preciso ter vontade de sair?Não, não mesmo.Posso um dia ou outro manter o silêncio.Vibrar menos.Menos dor,menos vontade. Menos cor,menos saudade. Posso só beber àgua e não tomar banho. Estou deprimida,você diria. E se eu estiver? Qual o problema?Se ela durar um dia,ou um mês,ou dez anos, a vida é de quem? Grossa eu, você diria. Sincera,diria eu. Cansei de fazer tudo que me mandam. Se não há controle, e no mar que me navega eu tenho apenas dois remos pra me desviar de pedras no caminho,ou seja, me defender como eu puder...então que o cardume me carregue. Que a massa da correnteza me arraste. Me faça chegar lá. É isso! Menos força, menos resistência,menos cansaço. Chega de tentar se justificar. Chega de querer ser alguém. Quero ser eu,com todos meus ninguéns. Quero ser só e ter a mim também.Só pra mim. Eu,de ninguém, só pra mim. Quem dera. A multidão me carrega como ninguém pra todo mundo e eu vou nesse mar navegante seguindo meu curso, meu caminho único com vocês também.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Abrir o coração vale a pena.

Antes de levantar, fiz minha oração de sempre, a mais sincera e tosca: Senhor me ajuda! Mais um dia pela frente, não tem sido dias fáceis. Meu coração anda quebrantado, a imagem da minha mãe careca me choca. Esse câncer maldito esfrega, grita, exclama aos quatro ventos e na minha cara, que ele está ali. Mas eu não posso acreditar que ele vai levá-la, porque a vida dela não pertence a ele, pertence ao meu Jesus.Por isso eu clamo todas as manhãs, e Ele tem me ajudado.Um dia de cada vez. Decidi ser grata, ligar o botão da gratidão e seguir. Fui a academia, fiz minhas tarefas do dia e fui pra aula na escola do Wolf. De coração aberto.Chorei o trajeto inteiro, nada melhor que orar e louvar no congestionamento. Peguei um puta trânsito, e não deu tempo de ir no mercado comprar o meu dever de casa.Pensei que ia passar a aula sem fazer o exercicio proposto, mas graças a generosidade de uma colega, quando houve a troca da dupla, ela me incluiu. O exercicio era levar alguma comida que trouxesse o sabor da infância, e de olhos fechados, a dupla deveria receber esse alimento na boca, sentir o cheiro, comer, e depois falar palavras de um poema anteriormente escolhido com aquele alimento na boca e tudo de olhos fechados. O cheiro era banana, e o alimento talvez um bolo de banana com aveia,ou uma cuca. De olhos fechados imediatamente lembrei da minha mãe, e de uma cuca de banana que ela sempre fazia, e tive tanta saudade. Desabei em prantos na primeira garfada.Cheia de cuca na boca. Tive vontade de sair de lá no final da aula e ir direto tomar café com bolo com minha mãe. Na segunda garfada,eu continuei chorando, mas dessa vez, o gesto da colega me colocou em outro lugar. O de receber. De compartilhar com ela, o mesmo gosto da infância. Comecei a relaxar mais e saborear então aquele momento, a vida, o prazer de sentir e observar essa sensação. Depois disso, nós deveríamos ouvir uma musica bem alta,e quando ela abaixasse, ler a poesia. Eu escolhi Salomão, e Eclesiastes 3. Preciso me agarrar a essa sabedoria e entender que há tempo pra todo propósito debaixo do sol. Antes da minha vez, eu fiz exercicios de respiração em 4 tempos de 4 pra me acalmar. Meu corpo tremia, eu estava muito mexida, com medo, com frio e calor ao mesmo tempo, e com uma lágrima na ponta de cada olho. Quando consegui parar o meu tremor eu levantei. Mas na hora de falar o poema eu chorei, e me expus, me debrucei, me mostrei, tremi, mas respirando eu consegui não travar, nem desabar, falei até o fim. Eu consegui! Eu abri o meu coração e me emocionei com a minha turma. Sábias palavras do Turazzi, abrir o coração vale a pena. Fomos pra segunda aula, e eu, que perdi a aula passada por causa da coluna, demorei pra entender os videos que estavamos vendo.Meu olho ardia,e eu nem lembrei de retocar a maquiagem pra aparecer no video. Sentei ao lado de um colega, que baixinho, confessou que se perguntava ainda, o que ele estaria fazendo ali. Pra não interromper a aula não respondi, mas fiquei pensando sobre isso um tempão. Era hora de levantar e trabalhar, vamos gravar! Um exercicio simples: o ator 1 entra em um set, a procura de um objeto.Enquanto procura, ele é interrompido por dois atores que entram fazendo qualquer coisa, o ator 1 deve se esconder. Depois que os atores atravessassem esse set,e saíssem pela outra porta, o ator 1 deveria dar um telefonema,  receber uma indicação e finalizar a cena. Na primeira cena eu e Desirré atravessamos o set,enquanto o Pedro procurava o objeto.
Logo depois eu fui, e estranhei porque quase não consegui falar no telefone, porque meus atores voltaram pra cena. Acho que falei alto demais, e faria todo sentido eles voltarem.Achei que não foi uma boa cena. Sentei,assisti meus colegas e ja no finalzinho da aula me levantei pra entrar com alguém pra atravessar o set. Claudinho era meu par, não veio nada na minha cabeça, e o Pablo mandou a gente entrar. Ele apenas sussurrou no meu ouvido, se joga no sofá, cena caliente. Ah, que cena foi aquela!!? Embolados no sofá eu perguntei a ele sobre camisinha, e ele me tira uma luva de latex do bolso! "Tenho isso!" Pra não morrer de rir, eu levantei e disse pra gente procurar no quarto. A cena era da Kel, e o Pablo mandou a gente voltar pro set. Ah, pra que? Eu no impulso do jogo, entrei falando que era pra gente fazer sem, que era pra tirar tudo!!Ele foi tirando camisa, blusa...e eu também ia tirar,mas como ficaria pelada? Coelguinha se fudeu em cena, por milésimos de segundos, quando  então eu disse que não podia engravidar!!Nós nos embolamos de novo no sofá e eu vi a Kel atrás da estante. Falei pra ele que tinha alguém na sala. Ele foi atrás dela e eu demorei pra sacar que ele estava  a chamando pro nosso meio. Até que eu entendi, perguntei a ela se tinha camisinha, depois eu mesma achei camisinha numa bolsa, enquanto o Claudinho tentava convecê-la a transar com a gente!E ela toda sem graça!! Uau!!Que jogo, que abismo!Tudo improviso, e muito bom!Sai de lá no 220, rindo, agitada, e tentando lembrar com ele o que a gente tinha feito, porque foi muito intenso!Que sensação boa!Como é bom estar em cena, jogar!! Duas horas antes eu estava um monte de caquinhos, agora eu estava viva, me sentindo inteira!Abri meu coração em frangalhos, recebi a generosidade dos meus colegas, e sai de lá transformada! Viva a arte, viva o teatro, viva o Ring! Gostei de ter ligado o botão da gratidão,abrir o coração vale a pena sim!
P.S: Rosbon, você é um excelente ator!Queria que você soubesse disso, e que toda essa inquietação é pertinente! Ela que nos move, e pra mim, dias como esses justificam tudo.Você estava na porta da escola e compartilhou da nossa energia pós cena! Que bom que você estava lá! Momentos como esse respondem a mesma pergunta que você se faz, também me faço alguma vezes, o que eu estou fazendo aqui?Eu estou me permitindo ser atravessada por essa avalanche de sensações, porque sei que esse é o meu ofício.Bora?

Obrigada Senhor, por mais esse dia!

terça-feira, 23 de abril de 2013

na sala da humildade

Aprender é um dom. Pessoas curiosas tem um brilho nos olhos pelo que é novo, e pelo que me lembro o ser humano foi criado por Deus pra se encantar com a vida e toda sua tranformação constante. Quem não alimenta esse caminho, pode ter uma velhice sem graça, sem histórias para contar. Ver uma flor brotar, um por do sol, golfinhos a nadar, tudo em movimento. Sempre. Aprender é o verbo. 
    Pela primeira vez no Rio de Janeiro, cidade dos estúdios de TV, é aberta uma escola para atores onde se ensina a fazer televisão,com um estúdio "padrão Globo" e cameras exatamente como se faz lá na novela. Escola de Atores Wolf Maya. Com 10 anos de história em São Paulo, finalmente agora em terras cariocas.Deus me permitiu ser atriz, depois de ser outra coisa. E por sete anos tenho me dedicado ao teatro. O Rio de Janeiro realmente carecia desesperadamente por uma estrutura como essa. Somos carentes de salas de teatro. Somos carentes de tudo.Temos cerca de seiscentos atores em média sendo formados a cada semestre em todas as escolas e tem gente muito boa chegando no mercado toda hora, e um mercado que é tão restrito. Tem de brilhar pra sobressair.Tem de bancar!
   Eu soube da escola pelo próprio Wolf, cerca de uns nove meses atrás em um sarau. Ele me falou baixinho no ouvido, como um segredo, que estava trazendo a escola pro Rio, e com o brilho nos olhos de uma criança que vai brincar em um brinquedo novo, no jardim de casa.
   Foram seiscentos inscritos para cento e oitenta vagas. Meu teste foi em um sábado, minha inscrição numero 502. Meu Deus, quanta gente já não passou aqui! Olhei pra mim mesma e fui brincar. Não ia adiantar ficar nervosa, ou esperar algo de um teste tão importante. Atuar é levar a brincadeira a sério profissionalmente. Se eu não me divertir, a platéia não se diverte. Escolhi fazer um texto meu, da Bruma, uma mulher tão ansiosa, mas tão ansiosa, que ela marcou o dia da morte e se matou antes! Nervosa eu estava, mas foi ótimo, me diverti, e passei!
   Agora que vem a melhor parte. Minha sala tem trinta alunos,a maioria profissional com DRT. Tem gente que estudou comigo na faculdade,Patricia Elizardo(Paty) e tem amadores.Também estou fazendo uma pós graduação em licenciatura, porque passei em um concurso pro municipio e preciso dessa licenciatura pra dar aula. Estou em sala de aula, desde que me entendo por gente!Nunca parei de estudar. De alguma forma, fiquei incomodada em fazer aulas de base teatral, enquanto os estúdios, e aulas de vídeo que fazem os meus olhos brilharem! As aulas começaram não tem um mês, e eu me machuquei no estacionamento do Freeway. Atrasada, subi com meu carro em um meio fio bobo, mas quando ele desceu, eu ouvi minha coluna gritar: crec!Dez dia torta de cama. Muito antiinflamatório, bolsa de agua quente, repouso e um questionamento: Será que estou me sabotando? Sim. Por mais que Sheakespeare em Hamlet nos dê a forte frase, que " Estar pronto é tudo". Nunca estamos, de fato, prontos.O ator então vive a arte de se preparar. Ser ator é saber esperar sua hora, pra se jogar no abismo! Isso não é absolutamente insano? Mas nós não sabemos viver sem. Torta, e com todos esse pensamentos, aceitei a impaciência do meu corpo e depois de perder uma semana de aula, retornei. Ainda com um ranso,de ter de viver esse processo todo de novo, encontrei Paty e Turazzi ( Rodrigo) no café do lado da escola e os dois fizeram faculdade comigo, e agora casados fazem a escola também.Ele a tarde, ela na minha sala. Lá do fundo do olhos azuis do Turazzi, vieram as sábias palavras: " Quando eu venho pra cá Manuela, eu tenho de abrir o meu coração. Só assim." Os dois também se incomodaram de alguma forma como eu.Ufa,ainda estou torta, mas já não estou mais sozinha na minha crise!O teatro nos aproxima de pessoas como nós! Um salve a Dionisio!E posso dizer que eles são,dois dos melhores atores que vi na época da faculdade!Decidi que também ia abrir meu coração. Precisava. As aulas de improviso são uma delicia sim. Depois que entendi o processo do jogo de cena, comecei a me divertir mais.No ínicio da faculdade, eu não conseguia.Tinha vergonha de me expor, de errar, de ser rídicula.Não vejo isso em ninguém da minha sala hoje. Todos se jogam e erram, e eu me divirto horrores.Não só abri meu coração, como me permiti sair com eles ontem pra tomar chopps. Nem foi todo mundo, mas a nossa conversa foi bem pertinente. Como estar em sala de aula com amadores, nós sendo profissionais?Os risos fora de hora? A cena boa, que se perde por uma insegurança? Rir do erro do colega pode fazer ele achar que está bom e levar isso pra vida? Nós podemos de alguma forma, neutralizar essas bobagens?Como? GENEROSIDADE. Essa é a palavra.Acolher com amor todas essas formas de se expressar, que nossos colegas apresentam. Como disse também outra sabia Andreia Segatti. Victor também apontou a humildade. Palavra que a gente precisa também. Pedro Jones, o mais didático foi que apontou a possibilidade de neutralizarmos, e sermos o exemplo, do que todos fomos lá aprender. O nosso ofício, o nosso sacerdócio, o nosso chamado. É a grande chance de praticar a generosidade e a paciência. Eu comigo mesma, com meu corpo, com meus medos, com meus colegas, com o meu tempo, com as minhas questões,com meus sonhos. Esse vai ser pra sempre um bom lugar pra se estar: na sala da humildade, de coração aberto.Aos poucos a coluna vai voltando pro lugar.
       
 

quinta-feira, 28 de março de 2013

A lição da escolha.

Ser sozinho,é escolher sozinho. É gritar pra ser ouvido,é crescer pra aparecer. É assumir sua força e sua fraqueza, chegou até aqui. Ser sozinho é não saber direito o quanto e porque precisa do outro.

quinta-feira, 14 de março de 2013

2013 chegou chegando.

Me pergunto então várias vezes ao dia, e o mundo não acabou? 2012 não foi o último ano em que tudo era diferente? Esse 2013 está dinâmico, tudo acontecendo agora. Por causa dessa escolha do Papa e os rumores politicos do Brasil, resolvi escrever porque são assuntos que me interessam. Sou cristã e pra quem não sabe, me converti em 1995 na igreja do Macedo.Pasmem! Isso mesmo, foi aqui na sede da Abolição, que eu conheci Jesus. Foi justamente o ano em que foi comprada pela Igreja Universal a Rede Record. Eu nem sonhava em ter uma carreira como atriz, meu pai estava desaparecido havia um ano, meu coração perdido e em frangalhos só começou a melhorar depois que eu conheci Jesus. A pessoa de Jesus, a Palavra de Deus e presença do Espirito Santo. Isso transformou a minha vida e o meu ser, não foi a igreja. Porque eu sentava lá e ouvia o que os pastores falavam e sempre achei que eles iludiam o povo que é ignorante.Queria mesmo é pegar alguma cagada deles, pra voltar no dia seguinte e fazer um escândalo!(porque eu sou dessas). Chegava em casa e ia procurar o que eles diziam na biblia, e eu achava. Mais do que achar, eu comecei a entender a biblia. Eu precisava tanto receber esse balsamo de promessas, e a descoberta de um Deus que me amava mesmo eu não tendo nada pra oferecer, que Deus abriu meu entendimento, porque o Espirito Santo quem nos convence do pecado, da justiça e do juízo. Eu não tinha nada, só mágoas, saudades, tristezas, solidão, feridas tão doloridas que se algum ser humano me encostasse, doía. Até mesmo um abraço. Jesus curou a minha alma. E foi de dentro pra fora. E geralmente em casa, quando eu lia a minha biblia sozinha. Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. Deus quando vê que nosso coração está sinceramnete sedento de amor, Ele vem e te abraça. No meu caso foi no lugar que eu nunca quis estar,mas sinceramente pra mim, não importa. Não importa o pastor, o padre, o pai de santo,o mestre, o guru,o lugar, a hora, quando se quer ter um encontro com o Divino, tudo muda. E nós conhecemos as árvores pelos frutos. Vamos esperar o tempo passar e ver quais frutos virão. Eu vejo frutos de amor na minha vida, já se passaram 18 anos. Tenho minha maior idade espiritual, assim podemos dizer. Já fui uma criança de leite, depois que não entendia nada, e queria tudo do meu jeito e esperneava com Deus. Já fui pré adolescente metida a saber tudo, adolescente rebelde e dona do meu futuro imbecil, mas Deus foi só cuidando da minha árvore, e nunca mais me deixou. Hoje estou me transformando em cidadã do mundo espiritual. Não consigo mais aceitar a intolerância religiosa. Penso que se antes, pra se conhecer a Deus era necessário matar, guerrear, defender um ideal de moral e santidade,quebrar imagens  matar mulheres e crianças, isso não tem mais nada a ver com o que Jesus me ensinou sobre amar o próximo. Há 2013 anos aproximadamente.. Ele mesmo só andou com prostitutas,corruptos e cobradores de impostos o tempo inteiro, então essa coisa toda já está me cansando tem muito tempo. A você não? Não é possível que as pessoas ainda não entenderam isso! Tem de respeitar o coleguinha e ponto. Não quero saber se ele fala a minha lingua, se ele tem outra cor, ou se ele roubou, matou alguém, não importa, NÃO NOS FOI DADO O PODER DE JULGAMENTO POR JESUS. Pessoalmente não podemos e não temos o direito de julgar ninguém, Jesus morreu por todos, e até por Judas. Vamos parar de achar que somos alguma coisa, só porque temos um mural de Facebook, ou 140 caracteres de espaço de " expressão"... no Twitter, está tudo resolvido, e sua opinião vai valer alguma coisa...balela! Suas atitudes vão realmente expressar seu amor ao próximo. Isso, se você acredita no amor, e no ele pode fazer com as pessoas. Então faça a sua parte. Mantenha a sua casa limpa, suas contas pagas, seus documentos em dia, pague seus impostos corretamente, mesmo sendo um absurdo, dai a César o que é de César, Deus tem muito mais pra lhe dar. Almoce e jante com seus filhos, brinque com eles, não perca a oportunidade de entretê-los e amá-los no lugar da TV, e da Galinha Pintadinha. Se dedique, dá trabalho eu sei, mas a vida é trabalho. Chegue na hora certa, respeite seus colegas de trabalho, se respeite, cuide da sua saúde, da sua vida, do seu armário, gosta de comprar? Então dê coisas usadas e boas pra quem está precisando. Nada de pano de chão. Não faça com os outros o que não gostaria que fizessem com você. Chore, peça desculpas, tente de novo. Agradeça sempre. Ouça mais, fale menos. Tudo isso já é coisa demais pra se fazer e não ter tempo de julgar ninguém, nem a você mesmo. Acho que essa é a hora e chance de se fazer o certo por escolha. Enquanto se erra sem saber o porquê, Deus não leva em conta. Mas errar sabendo, é muita burrice. É muita cara de pau. Pra quê? Até quando? Todas as ilusões já estão vencidas, só não vê quem não quer. A realidade é uma só,  só você poderá construi-la. Hoje, agora.Todo dia, a partir de 2013.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

do nada

e é assim,quando você menos espera,e esquece por uma fração de segundos o que tanto queria,ela chega. A vontade de fazer coisas que nunca fez. Brota um desejo de ser quem nunca foi,e nem pensou em ser. E agora? Como eu vou fazer isso acontecer? Não sei. Do nada. Respira e viva. Acho que é assim. Como do nada,e a vontade chega, o caminho também vai aparecer. Tudo bem que esse caminho aparece e sua posição diante deles é vista do google earth, e você está bem no meio de uma encruzilhada. Nunca é fácil.Depois de receber a vontade,e vislumbrar um caminho...isso não é o bastante.É preciso escolher. Qual o caminho? Ou melhor,qual a direção? Caminhar é inevitável, a direção é opcional. Mas eu estou com pressa,essa urgência que chegou, está me fazendo querer chegar logo. Porra, você tem apenas uma vontade, vários caminhos, uma escolha, ainda quer resolver rápido? Não aguento mais essa sensação de que estou atrasada. Sempre fora do lugar, e perdendo alguma coisa. E estou.Estou perdendo a paciência. Daqui a pouco essa vontade vai passar,porque vontade é coisa que dá e passa. E eu não consegui descobrir nem que direção seguir. Continuo no meio da encruzilhada sonhando em ter um aplicativo que me indique o caminho de pedras amarelas. Minha bateria esta acabando,e do nada, já não sei mais o que estou fazendo aqui.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

TPM feelings.

Sempre sofri de TPM. Tenho todos os sintomas, irritabilidade, enxaqueca, cólica, vontade de matar o primeiro que me der bom dia. Tenho pensamentos horriveis sobre mim,tudo e todos. Sou a mais pessimista e ácida de todos os tempos. Um ser humano que sofre disso não deve andar livre pela sociedade, é mais perigoso que qualquer serial killer. Temos a raiva,a dor, a irritabilidade, a mente alterada se torna perigosa, uma língua ferina que fala na ferida pra matar logo pela palavra, e com tudo isso pra azeitar a merda toda nos vem a força. Fudeu. Namorados que tentam conversar, simplesmente conversar com uma mulher de TPM, na minha concepção de inteligência, ou é burro, ou suicida. Homens, aprendam a praticar o silêncio, é muito mais sábio. Sabendo de todas essa malignidades que me permeiam eu coloquei um Mirena (DIU) de progesterona por cinco anos, e não menstruei durante esse tempo todo. Enfim uma pessoa sociável eu me tornei. O DIU venceu tem seis meses e eu infelizmente voltei a ter TPM. Então desde já aviso aos meus amigos que se me virem na rua espumando alguma substancia rosa, por favor me levem pra emergência mais próxima porque eu não volto pra casa sem matar um. Desde já agradeço. E peço desculpas por qualquer coisa, não é pessoal. Eu sofro de TPM sim.
Também gostaria de esclarecer que não gosto de usar essa condição pra me vitimizar ou apelar. Isso é mentira, nenhuma mulher se suporta de TPM, nós sofremos todas as consequências desse desequilibrio hormonal temporario quase demoníaco, e magoar quem nós amamos é trincar cristais.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

50 tons de bom senso.

Nem sei que cor tem o bom senso,pra mim ele é rosa. Vai de rosa pink,a rosa bebê. É cor de mulherzinha eu sei,mas está dificil ver um homem com bom senso. Pleno sec XXI estamos até hoje entalados, doentes e dasabrigados pelas chuvas de janeiro. Lixo,muito lixo, nada rosa. É o fumante que joga a sua guimba e o comerciante lançando os dejetos no mar,no rio e em tudo. Como se fosse a magiquinha de mãe,que a gente põe a roupa suja no cesto e ela aparece limpa e dobradinha no armário! Mãe, tem de ensinar a magica e deixar de ser controladora! Ensine sua filha a lavar suas calcinhas no box, ensine seu filho a lavar suas cuecas e meias também!Fique livre pra fazer sua dança de salão, e por favor vá pra sua excursão em Poços de Caldas!  Sociedade patriarcal dá nisso...Ninguém se responsabiliza pelo lixo que produz...deixa que os excluidos da sociedade catem, que um OVNI irá reciclar tudo rapidinho! Como somos infantis. Precisamos aprender com os japoneses,que limpam tudo,cuidam e reciclam. Falta mesmo educação.De pai e mãe, que não se envolvem diretamente e comprometidos ajudam com responsabilidade a dar exemplo para os proprios filhos. Eles que jogam as latas pela janela né?Eu vejo todos os dias. Eu tenho vergonha alheia quando vejo os desabrigados nos jornais. É triste, eu estou triste. Cansada dessa mesma historia todo ano. Chego a pensar que as pessoas tem jogado no lixo o tal do bom senso. Acho que não, senão o lixo estaria mais rosa,e não, não está! Pensar coletivo é o mínimo, mas não rola. Dá muito trabalho né? Eu sei. Também estou com preguiça de vocês. E a tal da "ficha limpa" que deixa o Genoino assumir seu posto de deputado? Dilmaaaaaaa! Você que é a mulherzinha da parada,lança um pó de mico rosa lá,e arrume essa bagunça! Um país rico é um país limpo! Com 50 tons de rosa.