quarta-feira, 15 de junho de 2016

A lição da ajuda. Desde 2011.

Em um dos momentos mais importantes da minha vida, eu comecei a sentir umas dores na lombar, que se extendiam pela perna direita e me levaram a cinco ortopedistas que variaram de diagnóstico e tratamentos em várias escalas. A primeira destruiu meus sonhos na frieza costumeira de um ortopedista/açougueiro que trabalha em emergências. "Você nunca mais vai correr na sua vida!" Foi a frase que acabou comigo.Eu finalmente conseguia correr 7 km na praia depois de ter conquistado o percurso com caminhadas e trote por meses, não completaria um ano de corrida. A segunda médica foi um pouco mais calorosa, me mandou pra fisioterapia,RPG.Fiz tudo, e junto, me tratei por um ano com acumpultura, osteopatia, remédios, injeção, e sem muita melhora.Na verdade eu só piorava, a dor ainda abalava a minha fé, eu não acreditava na vida, e fiquei em depressão profunda.
Eu já fazia terapia duas vezes na semana tinha dois anos.Ela me indicou um psiquiatra,mas eu não consegui ir nele. Até que um desses amigos anjos que sempre estiveram na nossa vida, geralmente vem da época de criança, que lê a sua alma e mesmo anos sem ter noticias, quando aparecem trazem a luz. Ele me indicou uma especie de terapeuta corporal e disse com muita convicção:" Ela vai mudar a sua vida! " . Eu estava com muita dor, exausta e deprimida pra esboçar alguma reação. Ele retrucou - "Nossa, que desânimo!". Eu apenas  respirei.
Tem dois anos que me trato com ela e sim, ela mudou a minha vida.
De cara ela me mandou pra uma outra médica que me receitou um antidepressivo, florais, homeopatia.
Mais do que tratar a minha dor, eu precisava sair dela, da crise, da consequência final, e buscar a verdadeira causa. Minha alma estava em frangalhos, eu estava sozinha, eu não queria amigos, eu não sabia mais como me relacionar, tudo me machucava, tudo doía.
Nosso encontro era uma vez por semana, e deitada no chão chorando como um feto, falando das minhas dores, ela cuidava da minha respiração e me ouvia. Desobstruindo meus nódulos de energia acumulados durante meus 30 anos, ela me acolheu como mãe. Era uma terapia com afeto.
A primeira grande licão que agora eu aprendia era sobre ajuda.
Foi em posição fetal, chorando e amargurando a vida que ouvi ela dizer:
"Ajuda só se dá quando pedem. Pediram? Você para, veja se você pode, se puder então ajude, senão não, isso é limite!"
Essa é lição mais fundamental do meu tratamento e agora das minhas relações.
Cresci acreditando que ajuda tem que dá e ponto. Jesus e toda sua filosofia me foram impostas pela cultura católica do país, meus pais sempre ajudaram todo mundo, e eu nunca questionei.
Ajudar alguém é bom demais. A gente se sente útil, importante, e o melhor de tudo: amado.
Eu ajudava o mundo inteiro, mas nunca me ajudei. Eu dava ajuda sem ninguém me pedir, e gastava o meu tempo, minha energia, minha consideração, sempre primeiro pros outros que por  mim mesma. E estou falando de pessoas que eu amo, minha mãe, meus familiares e meus amigos. Eu dava minha alegria, minha fé, meu amor, meu dinheiro,minha atenção, meu coração,minha casa, meu carro, minha inteligência,minha força,minha criatividade, meus objetos pessoais. Eu precisava ser amada, querida, útil, cristã, desapegada, generosa, e eu era. Mas eu cobrava. Eu sempre achei que merecia o tanto quanto eu dei. E merecia. Mas ninguém dava. Ninguém nunca dará. Essa é a verdade.Não há como medir, não tem como fazer uma tabela. Sempre será injusto. A não ser que...a pessoa peça ajuda a você, e você realmente possa e queira ajudar. A ajuda se torna um favor livre de cobranças. É um ato consciente e valorizado por quem pediu,pediu porque realmente estava precisando e nunca poderá jogar na cara um "você fez porque quis, eu não pedi, então não venha me cobrar o mesmo!".A ajuda é do tamanho certo. Não há abuso, não há mágoas, e quem dá a ajuda, se sente assim, útil e importante.  Esse é o beabá da troca. O se sentir amado é em outro lugar.
Nunca pensei que minha dor na lombar seria a consequência de carregar o mundo inteiro nas costas sem saber dar limites com medo de não ser amada, mas era.