quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Fessora no primeiro dia de aula.

Finalmente o mar revolto da burocracia passou e eu agora estou estagiando. A escola é em Paciência,um CIEP. Eu fiquei assustada com a quantidade de crianças. Que lugar barulhento! As professoras usam microfones sem fio. As crianças levam informações para os professores e todas estão ligadas no 220W. Fiquei surpreendida com tudo. Positivamente. As crianças são felizes, simples, sorridentes, curiosas, carentes de um olhar, uma palavra, uma atenção. Elas amam a escola. Tinha festa na quadra por causa da semana na criança, tocava funk e eles comiam bolo e tomavam refrigerantes.
O auditório estava ocupado então as aulas de teatro aconteceram nas salas próprias de cada turma. Quarto ano torando de energia. Senta é a palavra mais usada. Eles levantam pra contar as cadeira do desenho no quadro. Senta! No refeitório a comida tinha uma cara boa , macarrão com carne moída.No lanche, biscoito com leite. As paredes com tabuadas caprichosas e funcionárias da comlurb tentando manter tudo limpo lá dentro. Não esperava nada disso em um Brizolão,muito menos lá em Paciência. Uma escola pública com alguma estrutura de base. Quando eu estudei em uma faculdade pública não havia nada, havia a festa do bebedouro porque era um só pra todo o complexo desportivo. O resto era bica de água de origem duvidosa. Tenho então mais 50 dias pela frente. Legal ouvir as crianças falando baixinho quando eu passada, olha lá...é a nova professora de artes! - gostei de ouvir. É só o começo.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Contra maré

Cresci apaixonada pelos meus professores e amava a escola. Sou muito curiosa, de raciocínio rápido, papo de adulta, era uma criança tímida,mas estudiosa. Uns trinta anos se passaram eu me acostumei com sala de aula.Tentei várias faculdades diferentes e consegui terminar a única que eu realmente amava fazer: artes dramáticas. Conseguir terminar esse curso foi tão difícil quanto conseguir o diploma agora. Demora um ano. Finalmente sou nivel superior,mas me sinto inferior. A quantidade de burocracia que me espera é tanta que resolvi escrever.
Nunca pensei em fazer um concurso público na vida,mas fiz e passei. Consegui uma vaga pra dar aula de teatro e ainda ganhar por isso pro resto da vida! Parece um sonho,mas a vida nunca é sonho né? Meu pesadelo são as secretarias. A primeira foi a da faculdade na qual me graduei e estava em greve. Nenhum documento, nenhuma certidão. Como se isso fosse o mais importante. Bobinha eu. Fiquei quarenta dias quase taquicárdica compulsiva por causa de uma certidão. Ela chegou e meu carro quebrou. Secretaria seguinte sem conseguir me dar as assinaturas que precisava porque a funcionaria em treinamento não dava conta. Espera mais um dia. Quando consegui, ficou faltando o seguro estágio que a moça da secretaria me disse que eu que resolvesse. Sendo que a resposta certa seria: ligue para aquela professora que veio ai. Ela é sua supervisora. Mas não foi assim. Eu fui então até Santa Cruz pegar o papel que serve. Que não precisa de nenhuma certidão de faculdade...e que eu podia ter adiantado. O seguro é feito em qualquer banco, custa mais de cem reais por um ano. Precisa da apólice pra começar o estágio. Demora quinze dias pra chegar. Na verdade eu preciso de 57 dias de ano letivo pra concluir meu estágio e a professora que foi lá e era a que tinha de me informar de todas essas coisas, me pediu desculpas. Igual a prefeitura administrando mal o seu trabalho e se desculpando. Como assim? Por quê não me informou antes? Não me auxiliou? A quem procurar primeiro? A CRE. Para otimizar o tempo. Mas não, pagando a ligação do celular,ainda tive de ouvir um longo sermão por não ter lido o meu manual do aluno. É mole? O municipio está em greve,os bancos também. Ontem policiais bateram em professores, uma senhora faleceu e a educação está de luto. Eu então me sinto nadando em mar de pedras contra a correnteza! Difícil, trabalhoso,mas sei que vai passar. Eu espero.
Revoltada reclamei que uma mera desculpa era uma atitude ridícula! Exagerei, tenho sido tão massacrada pela burocracia que fiquei anestesiada de um pedido de desculpas. Estou muito cansada de desculpas. Eu quero atitude. Por isso que mesmo exausta,eu vou até o fim, sem desistir.