quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Compulsão da oralidade.

Mais uma teoria herética observada por mim mesma. Eu sofro de compulsão da oralidade. Na barriga da minha mãe tudo era perfeito.Simbiose, existência plena e suprida. Quando eu saí, mamei no peito por 11 dias, e só. Cresci com dificuldades de comer,tomei remedio pra abrir o apetite na infância e fui uma adolescente gordinha e vegetariana. Era a minha consciência brigando com meu metabolismo. Experimentei cigarro na adolescencia e vomitei. Deve ter sido no mesmo dia que tomei meu primeiro porre alcoólico. Tomei trauma dos dois. Pra que estou falando disso tudo? Observei o quanto me faltou o peito da minha mãe. E me pergunto hoje o quanto ele ainda nos falta? Falo de uma memória corporal onde não há palavra,cheiro ou chave que nos dê acesso de novo a essa sensação.Só sensação de abraço,calor, preenchimento labial,toque da boca e saciedade tudo junto! Alguém lembra desse prazer? Eu não. Ninguém lembra de fato,mas todo mundo reconhece essa sensação do prazer que a boca nos dá. Eu o reconheço quando na minha compulsão de oralidade tento suprir, comendo,bebendo,fumando,beijando e sem vontade de parar. Me deixando levar pelos movimentos mecânicos de comer vendo TV sem ver o que estou comendo e comer mais do realmente o meu organismo necessita pra viver equilibrado. É preciso ter algo na boca. O tempo todo,quando estou ansiosa ou triste. Alegre eu me esqueço mais de querer sugar a vida pra me sentir viva. Triste,a sede de viver é maior, e a compulsão aumenta. A briga com a balança é real. Nivel MMA, lutando com toda coerência e consciência pra derrotar os lixos orgânicos que eu mesma me promovo. Mudança de hábitos e maturidade. Deixei de ser um neném faminto, carente de peito de mãe tem muitos anos. Apesar do cigarro ter o tamanho de um bico de peito, eu sou ex-fumante com muito orgulho e gratidão a Deus porque realmente é um vicio dificil de parar,mas não impossivel quando se entende que tudo ali é ruim e de mentira, mas com subtextos maravilhosos. Eu sei que o cigarro pode ser nosso melhor amigo. Comecei a fumar aos 29 anos,burra. Parei tem quase quatro anos. Queimando dinheiro e saúde porque precisava ter alguma coisa na boca. Compulsão da oralidade de cu é rolaaaaaaaa, não admito mais sofrer com isso! Hoje ainda tenho muitas compulsões, se desfazer de uma memória corporal requer consciência , força de vontade e paciência. Meu processo hoje é bebendo água e escovando os dentes pra parar de comer( usei aparelho fixo duas vezes e percebi que gosto de boca limpa dá preguiça de comer) e fazendo reeducação alimentar. Só assim eu sou capaz de cuidar de mim como adulta e amorosa mãe do meu corpo que devo ser. Porque adulta,livre pra dar beijos sem hora pra voltar pra casa, eu posso ser feliz sem me perder, ou me autodestruir. Buscando o caminho do meio.
Compulsiva sim, burra jamais!

domingo, 23 de dezembro de 2012

Querido Papai Noel...

Eu já deixei de acreditar em você tem um tempo. Põe ai uns 25 anos. Mas todo ano você aparece, com essa roupa quente, essa barba tipo lã no verão carioca de 40°, e eu me pergunto: ele não desiste nunca? Não né? Papai Noel Brasileiro, você é o cara! Então por isso, vou abrir meu coração para fazer um pedido de Natal. Mesmo que eu não goste de natal, que essa data me entristece, que as pessoas só pensem em comprar, comer, beber e brigar, eu vou por um instante acreditar que você não é o protótipo do consumismo e vou lhe dar a confiança de saber o que eu quero de presente.
Eu quero tchuuu,eu quero tchaaaaa. Não sabe o que é isso? Nem eu. Mas eu sei que é nosso, é do Brasil. Então eu queria na verdade que de alguma forma, a nossa cultura pudesse se enxergar mais e se aceitar mais. Nos sabotamos e nos criticamos sempre pro pior. Negativamos automaticamente a nós mesmos desde sempre. Não fomos colonizados, fomos explorados. Nunca ninguém se preocupou com nossos sentimentos. Nos invadiram, nos saquearam. Nos violentaram. Mas nós sobrevivemos trabalhando,rindo e se misturando. Ainda não entendeu meu pedido?
Bem vou tentar explicar...pra mim, o Brasil é uma salada de frutas.Uma mistura deliciosa. Mas as vezes a banana fica escura, a maçã também, e ai...a gente se estranha e fica de cara feia pra propria salada. E passa a falar que salada de frutas engorda. Então chega! Eu quero um milagre onde nós brasileiros nos vejamos não uma mistura que poder dar problemas. Eu quero que a gente se veja como uma farofa! Isso, mistura tudo, farinha, ovo, bacon, liguiça, banana, nozes, passas, e combina com tudo! Melhor assim! Somos do bem, queremos o bem,estamos aprendendo. Então, esse milagre rola? Farofa no Natal? Então beleza! Muito obrigada Papai Noel!.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Primeiro dia do começo de nossas vidas.

Pronto! O fantasma passou.Finalmente um horizonte sem previsões apocalipticas tão assustadoras, que chego a pensar que já acordei com 3 kilos a menos, sem uma nuvem de medos, incertezas, e tédio. Agora sim, podemos falar de outro assunto. Podemos enfim pensar no outro, no planeta e no que vamos fazer com nossos velhinhos. Porque se ele não morreram e nós também vamos chegar lá, como preparar filhos pra cuidar do que vamos dixar pra nós mesmos? Não tem mais a desculpa de que o mundo vai acabar em 1999 para 2000, não foi. E agora também não foi. Sem desculpas. É hora de agir, fazer. Se dedicar ao que realmente interessa: as relações. Como você trata as pessoas que ama, as que você nem conhece, e as que trabalham contigo. As que ama, porque ainda dá tempo de parar de apontar o dedo, e abraçar mais, já que ama. E as que não ama é parar de apontar o dedo, e sorrir mais. Já é um bom começo, e sem " forçação" ( não sei se essa palavra existe no dicionário) de um contato físico com quem a gente não conhece, ou até mesmo não concorda com coisas que ela faz. Não precisa abraçar. Até com quem a gente diz que não gosta, também não precisa abraçar... pelo menos um sorriso né? Respeitar escolhas, reconhecer limites. Tudo com bom senso se resolve. Não gostar pode, é um sentimento real. Querer o mal dela por causa disso, é se mover em direção errada. É mais fácil gostar de si mesmo, se respeitar, já pensou se todo mundo que não gosta de você, fizesse algo na sua direção? E você na verdade nem sabe o porquê dela não gostar. Nossos defeitos são  muitos, e falhamos todos os dias sem nem perceber, e agora? Sorria mais e peça desculpas. Bom senso de novo. 
 Tenho uma teoria herética que vem me rondando alguns anos. E a cada ano vai se revelando. Assim como um dia Lutero entendeu o que é viver pela fé, e se desligou da Igreja Católica, também acho que podemos entender as coisas da Biblia, de maneiras diferentes no decorrer do tempo.
Sempre ouvi dizer que iríamos reinar com Jesus na Terra por mil anos. Que nós iríamos nos transportar para outros lugares, em segundos, que não haveria guerras, e doenças. Pois bem, também aprendi que Jesus é o Verbo, e o Verbo estava com Deus e Era Deus, e tudo o que foi feito, foi por meio dele. A fé do cristão vem da Palavra. Tem 2012 anos mais ou menos que Jesus esteve na Terra, e o personagem nunca mais foi esquecido,pelo que ele FEZ. Ação. Verbo. Morreu por amor. Viveu por amor. 
Se estiver acontecendo um alinhamento de planetas, onde a Terra viverá uma Nova Era, onde o conhecimento já nos é acessivel, a internet nos transporta pra qualquer lugar da Terra em segundos, a medicina avança combatendo doenças...estou achando que a parte da guerra é com a gente também. Se fizermos nossa parte no amor, agirmos,como o mestre que nos ensinou, eu quase concluo, que já estamos vivendo com Jesus na Terra praticamente em plenitude!Eu e você vivenciamos isso juntos nesses ultimos 30 anos não foi?Quanta evolução? Sinceramente, não importa se você acredita ou não em Deus ou em Jesus, mas sim, se você acredita na força do amor. Acredita? Essa força te move?!!!Ok, temos MUITO trabalho pela frente. A luz que chega, o conhecimento, a consciência vem e mostra o quanto estava sujo. Nos cabe agora, arregaçar as mangas do coração e limpar tudo, com muito amor. Bora?

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O fim do meu mundo

Cada vez mais longe, cada vez mais, perto. Um dentro e fora desconexo. O meu mundo que era seu,agora é nosso. E viva os Maias que conseguiram colocar o planeta inteiro prestando atenção na mesma coisa: nas mudanças. As do planeta,as minhas, as suas e as finalmente possíveis. Olho ali pra decada de 90, seculo passado,e lembro como eram dificeis as mudanças. Talvez elas também não fossem tão necessárias como agora são. Será que só eu me revolto no peito comigo mesma bradando que do jeito que tá não dá pra ficar? Alguém tem de fazer alguma coisa! E a começar por mim! Me ame! Foda-se quem eu seja ou que eu fiz,ou o que tenho. Eu tenho um corpo , um espirito e uma alma igual a você. Antes de qualquer pré julgamento,sou um ser da mesma especie que a sua. Os únicos com consciência e escolha pra amar. Vivemos pra aprender exatamente isso: amar. Morremos sem saber. Mas até quando? Pourran, já estou com preguiça! Mesmo assim, me ame,me olhe com bons olhos. Prefira se colocar no meu lugar, ou então aprenda a relevar, eu erro pra caralho, assim como vocês. Me esperem, eu tenho o meu tempo. Amor é paciência, a gente precisa praticar isso. Mas nesse calor? Quem é capaz de amar nesse calor? Deve ser por isso que o diabo que não ama ninguém mora lá no inferno!#jesusmehidrata.
Mas voltando ao amor. Me ame, me perdoe,eu sinto muito por tanta coisa....mas eu te agradeço por termos chegado até aqui! Obrigada mesmo, muitas vezes obrigada por tudo. Eu também te amo. Eu te amo, é sério. Eu rio, porque a via realmente é de graça, e engraçada é a minha vida, mas eu te amo sim. Eu te aceito, eu te perdoo.EU TE AMOOOOOOO! Pronto. Acho que agora sim, posso começar a viver o começo do meu novo mundo. Todos os dias e pra sempre assim.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Quando as mães adoecem.


O quarto era azul, e tinha um cheiro engraçado de chocolate. Era dos aparelhos que faziam o trabalho de oxigenar o corpo deitado naquela cama de hospital.  Não fui lá muitas vezes, eu tinha uns 12 ou 13 anos. Não entendia o nome complicado da doença e muito menos gostava de vê-la  atrofiando aos poucos sem poder falar. Essa era minha avó materna, que ficou doente e por oito ou nove meses  na minha memória, cheirou a chocolate.
Nessa época perdi a minha mãe pra minha avó.  Ela era tão dedicada, que só andava de branco pelos hospitais e era até chamada de doutora por alguns. Uma pessoa de branco em um hospital pode entrar onde quiser.  Enquanto minha avó esteve internada, minha  mãe estava lá. Não me lembro de ter visto nenhum dos outros filhos da minha avó tão dedicados como minha mãe, e ela tinha mais três.  A doença da minha avó não tinha cura, e quando ela morreu, foi a primeira vez que meu pai dormiu na minha casa. Minha mãe não saiu do hospital. No velório ela voltou a fumar. Nunca entendi isso. Por que não antes?
Essa não foi a primeira e nem ultima vez que perdi a minha mãe. Na verdade acho que nunca a tive. Não como eu queria. Minha mãe sempre foi linda, engraçada e exuberante! Pros outros. Comigo ela sempre se permitiu ser crítica, deprimida e feia. Nas vezes que ela estava na fase boa de sua bipolaridade, ela me ensinou muita coisa de arte, música e literatura. Não posso negar que foi ela quem me ensinou a escrever uma boa redação!Me levou a lugares importantes, como ao Teatro Municipal, me ensinou a gostar de música clássica. Sempre admirei minha mãe que é uma artista nata. Ela sabia desenhar, pintar, costurar, cozinhar, escrevia música, cantava, maquiava,  desfilava em escola de samba, e também puxava o samba no gogó. Mas quando estava na fase deprimida, tudo o que eu fazia era péssimo, e ela vivia dormindo e gritando comigo por que eu fazia barulho. Não sabia mais o que fazer pra minha ídola me dar atenção. No mínimo te garanto que fui boa aluna, nunca repeti de ano e nem fiquei em recuperação. Terminei meus estudos com 16 anos. Um fenômeno de responsabilidade. Já era vegetariana desde os 13 e ser a melhor em tudo era a única maneira da minha mãe me dar atenção.  Acho que no final das contas, eu bati palma pra maluco dançar, porque nem assim. No fundo não fazia mais que minha obrigação, ela dizia. Por isso acho que nunca a tive, só no útero mesmo que fomos completas.
Arrastei pra análise essa minha delicada relação. Inevitável. A culpa é sempre da mãe. Eu sei, sempre fui mãe da minha mãe. A gente erra querendo acertar, mas eles, os filhos nunca aprendem. Então a culpa é minha.  Que por anos tentei ensinar a minha mãe a ser a minha mãe, mas não consegui. Desisti. Quero meu lugar de filha já. Mas agora? Como eu faço isso aos 35 anos? Começando tudo de novo. Papéis invertidos geram problemas. O processo vai demorar.
O quarto é azul, mas não tem cheiro de chocolate. Dessa vez é minha mãe que está sentada diante de três médicos, com um monte de exames na mão, e um deles pergunta:  “ A senhora sabe do que se trata essa doença?”-  minha mãe como uma criança fingiu que não sabia, ou deu a entender que sabia mas não queria falar o nome, fiquei observando calada.  Ele insistiu na pergunta até ouvir a palavra sair da boca da própria. – “ Câncer.” Ela enfim respondeu.
Sai do hospital com ela segura que vai dar tudo certo na cirurgia e que Deus estava no controle, e está. Não sei por que as pessoas tem câncer, não sei como se curam. Creio que Deus cura, que o amor cura, que o tempo cura. Sei também que quando as mães adoecem, as filhas mudam. Eu sei, eu já vi isso antes.